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Metamorfose [Ep 07] | Imparáveis

Viktor Frankl, psiquiatra judeu, ex-professor da Universidade de Viena e adepto do determinismo proposto pela psicanálise de Freud, acreditava que as circunstâncias provocavam respostas previsíveis nos indivíduos. Contudo, quando foi levado prisioneiro para o campo de concentração de Auschwitz, na II Guerra Mundial, Frankl teve uma mudança radical em sua teoria sobre a psicologia humana. […]


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Viktor Frankl, psiquiatra judeu, ex-professor da Universidade de Viena e adepto do determinismo proposto pela psicanálise de Freud, acreditava que as circunstâncias provocavam respostas previsíveis nos indivíduos. Contudo, quando foi levado prisioneiro para o campo de concentração de Auschwitz, na II Guerra Mundial, Frankl teve uma mudança radical em sua teoria sobre a psicologia humana. O trecho abaixo é composto por recortes extraídos de seu livro Em Busca de Significado:

Sigmund Freud afirmou em certa ocasião: “Imaginemos que alguém coloca determinado grupo de pessoas, bastante diversificado, numa mesma e uniforme situação de fome. Com o aumento da necessidade imperativa da fome, todas as diferenças individuais ficarão apagadas, e em seu lugar aparecerá a expressão uniforme da mesma necessidade não satisfeita.” Graças a Deus, Sigmund Freud não precisou conhecer os campos de concentração do lado de dentro. Seus objetos de estudo deitavam sobre divãs de veludo desenhados no estilo da cultura vitoriana, e não na imundície de Auschwitz. Lá, as “diferenças individuais” não se “apagaram”, mas, ao contrário, as pessoas ficaram mais diferentes; os indivíduos retiraram suas máscaras, tanto os porcos como os santos.

O homem não é uma coisa entre outras; coisas se determinam mutuamente, mas o homem, em última análise, é autodeterminante. Aquilo que ele se torna - dentro dos limites dos seus dons e do ambiente - é ele que faz de si mesmo. No campo de concentração, […] testemunhamos alguns dos nossos companheiros se portarem como porcos, ao passo que outros agiram como santos. O homem tem dentro de si ambas as potencialidades; qual será concretizada, depende de decisões e não de condições.

Nossa geração é realista porque passamos a conhecer o ser humano como ele de fato é. Afinal, ele é aquele ser que inventou as câmaras de gás de Auschwitz; mas ele é também aquele ser que entrou naquelas mesmas câmaras de cabeça erguida, tendo nos lábios o Pai Nosso ou o Shema Yisrael [principal oração do judaísmo].

Lembre-se de Abraão no Moriá e de José – seu bisneto – no poço e na prisão. Lembre-se de Rute, em sua viuvez e de Raabe, nos muros deJericó. A lista se estende: os três hebreus na fornalha, Daniel na cova dos leões, Ester diante do Rei e os apóstolos diante das autoridades romanas. Todos imperfeitos, porém, imparáveis. Fracassados em muitos pontos, entretanto, donos de uma vontade insaciável de honrar a Deus. A crise não afetou o caráter deles, apenas serviu de pano de fundo para que a sua luz brilhasse mais
intensamente. Assim são aqueles que passaram pelo Experimento da Graça.