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Metamorfose [Ep 03] | Tenho, Logo Existo!

Alguém definiu o consumismo como “o ato de comprar o que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas que você não conhece, a fim de tentar ser uma pessoa que você não é”. Em essência, a alma do consumismo é a valorização do ter em detrimento do ser. Para […]


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Alguém definiu o consumismo como “o ato de comprar o que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas
que você não conhece, a fim de tentar ser uma pessoa que você não é”. Em essência, a alma do consumismo é a valorização do ter em detrimento do ser. Para o consumista, são as posses que definem a identidade, e são os produtos que lhe revestem de valor. Por ignorar a tendência da
vida humana de oscilar entre “a ânsia de ter e o tédio de possuir” (como disse Schoppenhauer), o escravo do consumo vive preso em um loop infinito de querer, ter, entediar-se e querer de novo.

O simples ato de consumir não pode ser designado como consumismo. O consumo é um produto legítimo das necessidades humanas que são limitadas, universais e objetivas (comer, beber água, vestir-se, etc.); já o consumismo, por sua vez, foge da realidade das necessidades para a ilusão dos desejos, que, por sua vez, são ilimitados, pessoais e subjetivos (fome de chocolate, sede de refrigerante, etc.). Assim, o consumismo é a doença do consumo, uma espécie de delírio inconsciente que convence o seu portador que desejo é necessidade.

Essa forma adoecida de consumo acabou tomando contornos de religião. Marcas são símbolos sagrados que representam uma filosofia e um estilo de vida. Balcões de lojas são altares, onde se sacrificam salários para aplacar a ira de uma divindade que exige tudo que você tem. O fast-food se tornou a santa ceia de um povo que celebra, nas praças de alimentação, o prazer de saciar o próprio apetite. Não é de admirar, portanto, que o consumismo também invadiu o cristianismo e tem ditado as regras da adoração
de muitos.

Aqueles que estão acostumados a uma semana de consumo, não terão uma postura diferente nas igrejas no sábado pela manhã. O consumidor do século XXI é exigente, por isso, o adorador consumista considera o culto como um espetáculo de boa música e pregação inspiradora. Assim, a religião do consumo tem causado o consumo da religião. O religioso consumista inverte o evangelho e vai à igreja para ser servido e não
para servir; ele vai à igreja para ter uma bênção, mas não sai de lá para ser uma bênção.

PAUSE

  1. De zero a dez, qual sua nota na escala
    do consumismo?
  2. O consumismo fez surgir a era dos descartáveis, diminuindo a vida útil de muitas coisas. Como isso afeta os nossos relacionamentos?
  3. Como o consumismo afeta o ato de adorar e a missão da igreja?

O vazio que o consumismo tenta tapar, para C. S. Lewis, é a prova de que não fomos feitos para este mundo: “As criaturas não nasceriam
com desejos se não existisse a satisfação para esses desejos. […] Ao descobrir em mim um desejo que nenhuma experiência no mundo poderia satisfazer, a explicação mais provável é que eu tenha sido feito para outro mundo”.

Aqueles que passaram pelo Experimento da Graça não são consumidos pelo consumismo. Para estes, a sexta-feira do calvário sempre terá mais valor que qualquer Black Friday pois eles sabem que não são peças de liquidação e que seu valor incomparável é definido não pela marca do seu tênis, mas pelas marcas no corpo do Salvador.

Desafio Prático: Nessa semana, junto com o seu #pgmystyle, faça a terapia do desapego: Separem e doem coisas que serão úteis para outras pessoas.

A marca da cultura do consumo é a redução do ‘ser’ para o ‘ter’, John Piper