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As Feras e o Homem [Ep. 08/Temp. 02]

“A ele foram dados autoridade, glória e reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.” Daniel 7:14 Babilônia, 553 a. C.  Já haviam-se passado mais de 50 anos desde que os primeiros cativos haviam sido […]


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“A ele foram dados autoridade, glória e reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.”

Daniel 7:14

Babilônia, 553 a. C.  Já haviam-se passado mais de 50 anos desde que os primeiros cativos haviam sido deportados de Judá para a Babilônia. A esperança do povo de retornar para sua terra minguava a cada amanhecer. O próprio Daniel, agora com cerca de 70 anos, já vislumbrava o fim de seus dias antes de ver Jerusalém reconstruída. Todavia, mais uma vez, o Céu invadiu a Terra para lhe trazer uma mensagem.

O profeta teve um sonho estranho (Daniel 7:1). Ele viu o mar sendo agitado e animais saindo da água. Curiosamente, não eram animais marinhos como se esperaria. Eram bestas aterradoras que se pareciam com feras do campo: um leão com asas, um urso com um dos lados maior que o outro, um leopardo com quatro cabeças e quatro asas, e, por fim, uma fera indescritível com dentes de ferro e dez chifres. A cada um destes animais foi dado o domínio por um período de tempo, até que o Filho do Homem se aproximou do Ancião sentado no trono celestial e recebeu o domínio definitivo.

Daniel percebeu que o conteúdo de sua visão equivalia ao que fora revelado a Nabucodonosor: a sucessão de impérios e o estabelecimento definitivo do reino de Deus. Contudo, uma vez que as imagens de sua visão eram diferentes daquelas que Nabucodonosor havia contemplado, era óbvio que a mensagem de Deus para o profeta diferia da que o rei tinha recebido. Era tudo uma questão de cosmovisão.

Para o rei Nabucodonosor, a história do mundo foi revelada no formato de um ídolo, uma estátua feita, em grande medida, a partir de metais preciosos, que foi esmiuçada por uma pedra comum – que, se comparada com os metais da estátua, parecia algo sem valor. Em outras palavras, Deus queria dizer a Nabucodonosor que ele idolatrava os reinos, a política deste mundo, mas desvalorizava o reino dos céus. Contudo, aquilo que aos olhos dele não tinha valor (a pedra), colocaria um fim na luta pelo poder.

Já na visão de Daniel, esses mesmos impérios são representados como feras agressivas e impuras (ver Levítico 11). Para ele a luta por poder e domínio era irracional, exatamente como aquelas bestas. Por fim, quem aparece para receber do trono celestial o domínio definitivo é semelhante a um filho do homem – a imagem de Deus, o ser racional que pode dominar as bestas. Além do mais, o mar agitado, os animais que surgem e a utilização do termo “domínio” relembram o profeta da história da criação, em Gênesis 1, quando o homem recebe o domínio e o caos tem um fim definitivo. Assim, o Eterno devolveu ao profeta a esperança de dias em que a ordem da criação seria reestabelecida.

1.            Que diferença a nossa cosmovisão (conjunto individual de valores) faz no nosso relacionamento com Deus?

2.            Diante das tensões políticas que vivemos, você tem militado em favor da política humana, do reino de Deus ou de nenhum dos dois? Você tem enxergado as coisas como Nabucodonosor, que tinha esperança nos sistemas políticos deste mundo, ou como Daniel, que depositava toda sua esperança no reino de Deus?

Reis pagãos e profetas ungidos enxergam as coisas de formas diferentes. Eles olham para a mesma coisa – as cenas do futuro – mas seus sentimentos são diferentes. Em uma época na qual a militância política substitui a propagação do reino, a mensagem de Deus no livro de Daniel não poderia ser mais oportuna. Não há esperança real em homens ou partidos políticos. Quando o Eterno esteve entre nós, ele destacou: “meu reino não é deste mundo” (João 18:36). Faríamos bem em lembrar-nos disso.

O que um homem carrega em seu coração, afeta profundamente a sua visão.

Diego Barros